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A
Ativismo de Dados
O uso de dados e programas (usualmente definidos como softwares) que possibilitam a ação coletiva e o exercício de agência política. Produzir contradados e engajar-se na ciência de dados restauradora/transformadora são formas específicas — mas não as únicas — de engajar-se no ativismo de dados.
C
Ciência de Dados Hegemônica
A ciência de dados dominante que trabalha para concentrar riqueza e poder, acelerar o capitalismo racial, perpetuar o patriarcado, sustentar o colonialismo e agravar os excessos ambientais e as desigualdades sociais.
Ciência de Dados Restauradora/Transformadora
É uma abordagem de trabalho com informação sistemática que busca, primeiro, ajudar comunidades a se recuperar da violência e do trauma causados por desigualdades estruturais e, segundo, imaginar e trabalhar para um mundo onde essa violência não exista. A restauração implica usar dados para devolver vida e vitalidade a indivíduos, famílias, comunidades e públicos afetados por sistemas de poder desiguais. Também busca a restauração de direitos: o direito a uma vida livre de violência, a uma moradia adequada ou a terras originais, por exemplo. A transformação, por sua vez, utiliza dados para desmontar e mudar as condições estruturais que produziram essa violência em primeiro lugar. É uma ciência de dados que busca, ao mesmo tempo, ser visionária e preventiva.
Co-Libertação
Este é o objetivo quando trabalhamos em prol da justiça social; que nós, juntos e juntas, possamos nos libertar dos múltiplos fardos — materiais, psíquicos, emocionais, espirituais e intergeracionais — da opressão sistêmica. Há uma citação bastante conhecida de ativistas aborígenes em Queensland, Austrália, que representa essa ideia: “Se você veio aqui para me ajudar, está perdendo seu tempo, mas se veio porque sua libertação está ligada à minha, então vamos trabalhar juntos.”
Contradados
Dados produzidos por grupos da sociedade civil ou indivíduos a fim de desafiar desigualdades de poder. Produzir contradados não é (apenas) sobre preencher as lacunas dos dados oficiais, mas também diz respeito a desafiar o viés e a inação do Estado, podendo chamar a atenção da mídia e do público para promover mudanças políticas e para ajudar na recuperação de comunidades que sofrem violências.
D
Dados Discordantes
Descreve o fato de que dados oficiais e contradados muitas vezes não coincidem deliberadamente — eles são discordantes porque usam definições, mensurações e estratégias de classificação diferentes.
Dados Ausentes
Dados que são negligenciados pelas instituições, apesar de demandas políticas para que esses dados sejam coletados e disponibilizados. Dados ausentes podem incluir dados totalmente ausentes, mas também dados esparsos, negligenciados, mal coletados e mal mantidos, de difícil acesso, atualizados com pouca frequência, contestados e/ou subnotificados.
Dados Oficiais
Dados produzidos pelo Estado, órgãos governamentais internacionais e/ou outras instituições tradicionais, como grandes corporações ou associações profissionais.
E
Epistemologias de Dados
Teorias e abordagens para saber coisas sobre o mundo usando dados. As epistemologias de dados convencionais são fortemente positivistas — buscam usar dados para encontrar verdades universais sobre os contextos considerados. Muitos estudiosos e ativistas destacam como as epistemologias de dados dominantes replicam modos violentos, extrativistas e coloniais de geração de conhecimento. Epistemologias de dados alternativas emergentes incluem o feminismo de dados, recusa feminista de dados, ciência de dados radical, IA decolonial, soberania de dados indígenas e dados queer.
G
Geografias de Dados Ausentes
Refere-se à análise de como os dados ausentes estão distribuídos geográfica e socialmente, destacando desigualdades estruturais na coleta e disponibilidade dos dados.
I
Interseccionalidade
É a ideia, proveniente do feminismo negro, de que os sistemas de poder se combinam e se entrelaçam, não podendo ser entendidos isoladamente. Por exemplo, uma análise centrada apenas no patriarcado ignora como ele se entrecruza com a supremacia branca, o colonialismo de ocupação, o capacitismo, entre outros. A interseccionalidade surgiu da teorização das experiências de mulheres negras nos Estados Unidos, e contribuições-chave foram feitas pelo Coletivo do Rio Combahee, Kimberlé Crenshaw e Patricia Hill Collins, entre outras.
P
Poder
A configuração atual de privilégio e opressão estrutural, na qual alguns grupos experimentam vantagens não merecidas — porque vários sistemas foram projetados por pessoas como eles e funcionam para pessoas como eles — e outros grupos experimentam desvantagens sistemáticas e violentas — porque esses mesmos sistemas não foram projetados por eles ou com pessoas como eles em mente. Manifestações específicas de privilégio e opressão incluem, mas não estão limitadas a: cisheteropatriarcado, genocídio colonial, supremacia branca, capitalismo racial e capacitismo. A ciência de dados hegemônica reforça o poder e o status quo desigual que esse poder produz. A ciência de contra-dados procura desafiá-la.
T
Triangulação
O uso de múltiplas fontes de informação sobre o mesmo evento ou fenômeno para cruzar referências e verificar detalhes. A triangulação geralmente é necessária quando os dados oficiais são suspeitos, esparsos, ou quando não há uma única fonte confiável de informações no ecossistema de fontes analisadas.